domingo, 28 de fevereiro de 2010

Renata Taño

Eis alguns poemas da Renata Taño, que compõem a antologia Ávida Espingarda



em minha veias abertas
há mais que caminhos, que mapas,
países extirpados,
incas vítimas de flecha.

há línguas
que não cabem no mesmo verso.
rimas que não casam,
povos que se exilam.

filhos órfãos do latim
dissidentes da pangéia.

cumprimentarão os gatos?
pedirão desculpas ao mendigo?

minha motoneta
não precisa gasolina.

fronteira...
palavra estranha.
soa como tiro de metralha.
rasga a carne,
enviesa
vasa
vasa



* * *


agora sim:
ballet russo,
vinho espumante
camarón y fito
sete vezes ao dia.

agora sim:
pálpebras molhadas
cuíca vazia
razão que não explica
o que se passara.

agora sim:
um racho

no riacho
roxo

agora sim:
um talho
no tecido
todo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Comment(s)?

André Vareiro disse...

direito e certeiro.

Unknown disse...

Gostei da economia de recursos aliada aos belos efeitos de corte do poema... me passou algo cinematográfico. Antônio, bela & corajosa a iniciativa a publicação da antologia acadêmica... abraços