domingo, 28 de fevereiro de 2010

Renata Taño

Eis alguns poemas da Renata Taño, que compõem a antologia Ávida Espingarda



em minha veias abertas
há mais que caminhos, que mapas,
países extirpados,
incas vítimas de flecha.

há línguas
que não cabem no mesmo verso.
rimas que não casam,
povos que se exilam.

filhos órfãos do latim
dissidentes da pangéia.

cumprimentarão os gatos?
pedirão desculpas ao mendigo?

minha motoneta
não precisa gasolina.

fronteira...
palavra estranha.
soa como tiro de metralha.
rasga a carne,
enviesa
vasa
vasa



* * *


agora sim:
ballet russo,
vinho espumante
camarón y fito
sete vezes ao dia.

agora sim:
pálpebras molhadas
cuíca vazia
razão que não explica
o que se passara.

agora sim:
um racho

no riacho
roxo

agora sim:
um talho
no tecido
todo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ávida Espingarda


Antes de tudo, a decisão de organizar uma antologia de poetas estudantes de Letras é subjetiva. Fiz porque sim, mas quis fazer para colocar, à disposição do público leitor de poesia, a expressão dada a ela por estudantes com formação acadêmica nessa área. Longe de ser a única a contribuir para isso, nossa antologia está inserida em um sistema de textos e discursos formado por outras publicações, como revistas literárias, jornais estudantis, livros de produção independente, etc.
Quem pratica literatura na cidade de São Paulo, verifica que há centros de concentração desse tipo de atividade. Há a Casa das Rosas, que oferece cursos e promove saraus; há debates e oficinas literárias na Biblioteca Alceu Amoroso Lima e na Livraria da Vila; há, entre os muitos saraus da periferia, o da Cooperifa e o sarau do Bar do Binho; há o grêmio literário da Faculdade de Direito São Francisco. Como alguns alunos e professores de cursos superiores de Letras freqüentam esses lugares, e também fazem literatura, seja prosa, seja poesia, tive vontade de produzir uma coleção que, entre outras publicações, que já existem, fosse porta voz do modo de escrever desse tipo de profissional.
Esse primeiro volume da coleção Feito nas Letras é uma antologia de poesia; escolhi os poemas e os poetas entre meus alunos de graduação dos cursos de Letras, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Certo dia, em meados de 2008, perguntei nas minhas salas de aula quem escrevia poesia e recebi textos de alguns alunos. Desse modo, descobri os poemas da Renata Taño, do Eduardo Vilar e da Monique Prevedel. Em seguida, fui ao encontro de alguns alunos, cujos poemas havia lido antes - a Ellen Maria e o Gustavo Vinagre Alves há tempos me mostravam contos e poesias, o Gustavo, inclusive, participa da M(ai)s - Antologia SadoMasoquista da literatura brasileira, organizada por mim e pelo Glauco Mattoso em 2008. Dele também veio o contato com a Juliana Amato; foi o Gustavo quem me apresentou seus poemas.
Quando, no final de 2008, fiz o prefácio da antologia Santo Largo Treze, li a poesia do Ivan Antunes e resolvi convidá-lo a participar. O Ivan é um velho amigo, há algum tempo acompanho seu trabalho como estudante e ativista da literatura no bairro de Santo Amaro. Por último, minha querida amiga Natália Guirado sugeriu que eu visitasse o blog da Ana Cristina Joaquim, que, depois de resistir um pouco, resolveu publicar seus poemas no livro.
Para concluir, quero agradecer a esses oito poetas o voto de confiança e dar minha palavra de organizador de que vale pena divulgar, com mais intensidade, a literatura que vem da academia.
Ainda nesta semana e nas seguintes, publicarei no blog algumas das poesias dessa antologia.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ensaios de Semiótica


Confiram meu novo livro Análise textual da história em quadrinhos - uma abordagem semiótica da obra de Luiz Gê.
O livro é composto por seis HQs completas de Luiz Gê, analisadas do ponto de vista da semiótica dita greimasiana, com ênfase nas propostas de C. Zilberberg, J. M. Floch e F. Rastier.

Lançamento previsto para meados de outubro.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Aline Daka







Visitem o blog de Aline Daka: http://www.dakaana.blogspot.com/

Sousândrade


Terça feira, dia 22 de setembro, participei do lançamento d'O Guesa, de Joaquim de Sousândrade. O livro é o primeiro de muitos, que eu e o Vanderley Mendonça pretendemos reeditar no selo Demônio Negro, junto com a editora Annablume.
O livro é de importância indiscutível para redimensionar a literatura brasileira. Para o ano de 2010, é nossa intenção editar os poemas de Raul Pompéia, os haikais completos de Pedro Xisto e os poemas de Paulo Colina.
Houve, ainda, o relançamento de ReDuchamp, de Augusto de Campos, também pela Demônio Negro.
Para quem se interessar, vale a pena entrar no site da Annablume e procurar pelo selo Demônio Negro: http://www.annablume.com.br/